CAPÍTULO XVI - HOSTILIDADES. A CIDADE DOS LADRÕES
Shiny: Nem pensem que eu vou arriscar o meu querido pescoço ao entrar assim ali dentro!
Miki: Ela tem razão… temos de mudar a nossa aparência…
Leo: O que vamos fazer agora?
Millie: Já sei! Vamos transformar-mo-nos em espadachins!
Sayaka: Boa ideia!
Todos concordam e cada um usando os seus poderes, transformam-se em espadachins.
Shiny: Ah! Agora sim estamos prontos!
Aproximam-se da entrada principal e sentem um arrepio na espinha.
Instintivamente o Satoshi leva a mão à espada, como que por precaução.
O Lopesz agarra-o pelo ombro. O Satoshi olha para ele e este abana a cabeça negativamente.
Lopesz: Calma.
À entrada, vêm um guarda gigantesco que enverga uma cota de malha negra e traz um capacete de ferro.
Ao vê-los, dá um passo em frente, barrando-lhes o caminho e pergunta:
- Quem se atreve a atravessar estes portões sem ser convidado? Digam ao que vêm ou então voltem para trás pelo mesmo caminho.
A Miki dá um passo em frente.
Miki: Viemos visitar Mitsuki Khouza.
O guarda olha-os com ar desconfiado e pergunta:
- Que raio quereis vós com esse doido varrido?
Miki: Somos os sobrinhos dele.
O guarda responde que vai enviar uma escolta para os levar até ele. Toca três vezes uma sineta que se encontra na parede da guarita. Quase de imediato, surgem outros dez guardas que os cercam e os agarram.
Shiny: Ei soltem-nos!
O guarda olha para o ar e ri.
Guarda: Com que então, querem visitar Mitsuki Khouza, não é verdade? E que tal se em vez disso, visitarem as celas da masmorra? Guardas levem-me esta cambada de doidos para a masmorra e deitem a chave fora.
Os guerreiros-sama debatem-se sem sucesso enquanto são arrastados pela rua sob o ar incrédulo de alguns habitantes. Descem umas escadas e chegam às masmorras.
Existem quatro celas subterrâneas, todas vazias à exceção de uma, onde se encontra um velho de cabelos brancos e de aspeto débil.
Os guardas atiram-nos para dentro, dois em cada cela, à exceção do Lopesz que é colocado na cela onde o velho está e as espadas são colocadas em cima de uma mesa do lado de fora.
Tudo quanto existe em cada cela é um colchão e um balde com água.
Os guardas começam a subir a escadaria e quando desaparecem por completo, o velho levanta-se do catre.
- Vocês são de fora, não é? Nem é preciso responderem. Vê-se logo. Se querem que vos tire daqui, contem-me a vossa história.
O Lopesz conta-lhe a história e o velho põe a mão na cabeça.
Homem: E eu a pensar que era o único maluco! Não tendes hipótese contra a rainha! Mas pronto… a vida é vossa…
O velho começa a procurar alguma coisa no interior das roupas e retira uma chave de ferro, dizendo que agora pode abrir a cela e a dos companheiros. Sem grande convicção, o Lopesz pega na chave e experimenta na fechadura.
Por incrível que pareça a porta da cela abre.
O Lopesz corre rápido para abrir as outras celas e libertar os amigos.
A Leo olha para o velho e pergunta:
- Quer sair connosco?
O velho sorri e diz que não com a cabeça pois sente-se feliz ali onde está.
Pegando nas espadas, sobem devagar as escadas de pedra até lá acima. Os Guerreiros-sama espreitam na esquina e vêm dois guardas que jogam despreocupadamente às cartas.
Miki (sussurrando): E agora, que fazemos?
Temos de escapar daqui… somos sete contra dois… devemos escapar facilmente.
E se eles dão o alerta?
Leo: Pois…
Satoshi: Vamos usar a nossa magia!
Lopesz: Não te lembras o que o Mestre Koji disse?
Satoshi: Ele disse que não podíamos ser descobertos. Mas temos de sair daqui.
Shiny: Vamos transformá-los em ratazanas.
Sayaka: Que horror!
Shiny: Satoshi tu e eu…eu e tu… vamos transformá-los em ratazanas!
O Satoshi pisca-lhe o olho.
A Shiny e o Satoshi erguem os braços no ar:
Shiny: Diabólica-sama!
Satoshi: Divertido-sama!
Os guardas transformam-se em ratazanas que guincham furiosamente e correm para a rua.
A Shiny começa a dar gargalhadas.
Miki: É melhor não ficarmos aqui muito tempo…
Vêm as ruas calcetadas e estreitas e cheias de lixo. De cada lado, vêm-se casas degradadas. Os andares superiores parecem estar prestes a desmoronar-se a qualquer momento.
Vêm uma multidão mais à frente a cantar alto e a agitar os braços no ar.
Lopesz: Vamos segui-los!
Seguem o grupo que vai a cantar e a rua desemboca numa ampla praça. A toda a volta, estão tendas de vendedores ambulantes, falcoeiros e músicos desempenhando cada um o seu ofício.
Passam por entre as tendas.
Millie: Hmm… aqui cheira bem…
Sayaka: Tens razão… de onde virá este cheirinho?
Vêm um cartaz por cima de uma tenda a dizer: “Prove a nossa especialidade”.
De repente sai um homem alto da tenda com um prato com batatas e um naco de carne, olha para a Miki que ia na frente do grupo e dá-lhe o prato, sorridente.
Homem: Prove a nossa especialidade! Prove a nossa especialidade!
A Miki começa a gaguejar dizendo que não tem dinheiro para lhe pagar mas o homem abana a cabeça, sorrindo.
Homem: Prove a nossa especialidade! Prove a nossa especialidade!
Miki: Ok eu provo.
A Miki senta-se a uma das mesas que existem fora da tenda e o grupo todo rodeia-a enquanto que o homem volta para dentro da tenda sempre com o mesmo ar sorridente.
A Miki começa a comer.
Lopesz: então é bom?
Miki: Sim, é bastante bom… mas gostava de saber que carne deliciosa é esta…
Satoshi: Eu vou lá dentro, assim vejo se também me arranjam um prato…
Passado dois minutos o Satoshi voltou com as mãos vazias e com um grande sorriso no rosto.
Satoshi (olhando para o prato vazio da Miki): Fico feliz que tenhas devorado o prato todo…
Miki: Sim, estava óptimo… e a ti, não te deixaram provar?
O Satoshi começa-se a rir.
Satoshi: Depois de eu saber que era perna de ogre perdi logo a vontade de comer…
A Miki levanta-se como se tivesse visto um fantasma.
Miki: O quê? P-perna de ogre?
A Shiny começa a soltar gargalhadas também.
A Miki agarra-se ao estômago e começa a ficar com o rosto branco como cal.
Miki: Estou-me a sentir maaaaal…
O Satoshi e a Shiny riem-se às gargalhadas e o restante grupo fica a olhar para a Miki sem saber se se haviam de se rir ou de consolá-la.
A Miki começa a gritar e a correr em círculos:
- Vou vomitar! Vou vomitar!
Corre para trás de uma tenda, aflita.
O Lopesz passa a mão na testa.
Lopesz: A Miki vai estragar-nos o disfarce…
A Leo ainda tenta ir atrás dela mas a Sayaka agarra-a.
Sayaka: Deixa-a. Ela estava-se a sentir mal…deve ter ido vomitar…
O homem sai da tenda com o sorriso do costume e dirige-se ao grupo.
Homem: A rapariga que estava com vocês? Vi que ela devorou o nosso prato de comida… Queria saber a opinião dela…
O Satoshi e a Shiny começam a dar gargalhadas novamente.
Lopesz: Hem… Ela teve de ir a um compromisso e disse-nos para lhe dizer que o prato estava muito bom.
Homem: Ainda bem! Este prato demora 4horas a cozinhar… a perna de ogre não coze com relativa facilidade…
Olhando para o Satoshi e a Shiny, o homem pergunta:
- E eles estão-se a rir tanto porquê? Foi alguma coisa que eu disse?
Lopesz: Não… deixe estar… eles são assim… riem de tudo e de nada… são meios tolinhos…
A Shiny pára de rir, dá um grito: “O quê?” e começa a correr atrás do Lopesz.
Shiny: Tolinha?! Eu dou-te o tolinha!!! Vou-te matar!
O homem fica a olhar para eles, perplexo.
Sayaka: Nós precisamos de uma informação… por acaso sabe-nos dizer onde há uma ponte de madeira aqui perto?
Homem: Há uma ponte ali. (Apontando para o fundo da praça) É a ponte que passa sobre o rio Fughurische. Desculpem mas agora tenho de ir lá para dentro ajudar na cozinha.
O grupo despede-se do homem que volta para dentro da tenda e vêm a Miki a aproximar-se deles lentamente.
Lopesz: Então Miki? Melhor?
Miki: Sim já estou mas desde já aviso… não como mais nada nesta terra!
O Satoshi e a Shiny voltam às gargalhadas enquanto que o grupo segue pela rua para fora da praça seguindo a indicação do homem.
Encontram uma ponte de madeira cheia de lixo à superfície. Os suportes e as colunas da ponte alongam-se para cima e tem suspensas caveiras humanas e não humanas.
Este vento provoca um som sinistro. Assobia por entre as estruturas da ponte, fazendo lembrar almas torturadas a pedir por socorro. Há uns degraus que seguem para debaixo da ponte.
Descem as escadas. O cheiro à beira da água é nauseabundo. Vêm uma cabana construída também de madeira por debaixo da ponte. Não se consegue ver para dentro por causa das cortinas corridas, mas ao lerem “Fora daqui” pintado em letras grandes na porta, percebem que não são bem-vindos.
Ouvem resmungar e arrastar os pés e, bruscamente, a porta abre-se.
Um velho de cabelos brancos, grandes barbas e com uma túnica branca vestida olha para eles com cara de poucos amigos e ordena:
- Expliquem-se a Mitsuki Khouza!
*****
PRÓXIMO CAPÍTULO:
Miki: Encontramos o Mitsuki ! Encontramos o Mitsuki!
Lopesz: Será que ele nos ajuda?
Sayaka: Ele tem um ar tão estranho.
Millie: Senhor Mitsuki, conseguiremos o nosso objectivo?
CAPÍTULO XVII: MITSUKI KHOUZA. O MAGO DA CABANA.